quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Game Of Thrones - Season 1

Título Original: Game Of Thrones
Título em Português: Guerra dos Tronos
Criado por: David Benioff, D.B. Weiss
Actores: Sean Bean, Lena Hadley, Kit Harington, Emilia Clarke, Peter Dinklage, Aidan Gillen, Nikolaj Coster-Waldau, Jason Momoa, Mark Addy, Michele Fairley
Data: 2011
País de Origem: Estados Unidos/Reino Unido
Duração: 60 mins (episódio)
M/18
Cor e Som







Não se deixem iludir por esta série aparentemente dirigida a um público "geek" e "nerd", pois não é. Não sou fã do género de fantasia ou épico, e muito menos de histórias de cavaleiros, elfos ou feiticeiros (com algumas excepções óbvias) na terra média. Mas a verdade é que Game Of Thrones, a adaptação fiel da saga literária de George R. R. Martin "A Song of Ice and Fire", consegue redefinir este estilo. Ao criá-la, George Martin dispensou os vulgarismos do género como os tais elfos e feiticeiros, e traz uma palete de personagens ricas e interessantes puramente humanas, com atitudes que nada têm de mágico. No entanto trata-se aqui da sua adaptação televisiva e não dos livros e, felizmente e não seria de esperar outra coisa, a HBO fê-lo soberbamente.
Tentaria fazer uma breve sinopse do enredo da série mas não o farei devido à sua complexidade. Muitíssimo resumidamente digamos que vários clãs conspiram para obter poder, uns com honra, outros sem ela (o clã Lannister), outros apenas tentam proteger o Reino, como é o caso de Eddard Stark (Sean Bean, aqui "mascarado" da personagem Boromir do Senhor dos Anéis). Acompanhamos três localizações diferentes: a capital King's Landing onde se passa a trama principal; The Wall, a muralha gigante de gelo que separa os Sete Reinos das terras desconhecidas do Norte onde habitam seres sobrenaturais; e por fim a terra dos letais guerreiros Dothrakis, separado do continente pelo mar, e que liderados pelo que resta da descendência do Rei anterior, cavalgam um exército para tentar conquistar os Sete Reinos.
Game of Thrones é um trabalho soberbamente realizado, em apenas 10 episódios de uma hora, que coloca a qualidade à frente do comercialismo. Não existem tempos mortos, nem momentos para encher chouriços, tudo o que se passa é relevante e deve ser seguido com atenção sob pena de se perder o fio à meada. Os diálogos são fabulosos, cortesia do livro, bem como as interpretações do vasto elenco, quer das personagens principais, quer daquelas que apenas aparecem por 5 minutos no écran. Menção especial vai para o actor mais cotado da série, Sean Bean, que está fantástico, mas ainda para o anão Peter Dinklage no papel de Tyrion Lannister, o mal amado do seu clã, cuja performance conquista bruscamente a atenção do espectador que à primeira vista não iria simpatizar com a sua personagem.
Outro ponto que vale a pena mencionar é a cinematografia. As cenas em King's Landing foram filmadas na cidade de Mdina em Malta, com uma tez alaranjada, dando um toque de cidade antiga ainda ruralizada, com a sua poeira avermelhada. As cenas de The Wall são filmadas no gelo da Islãndia, apresentando uma tez branca azulada. No caso das terras dos Dothrakis, temos uma terra arenosa, amarelada. Todas elas apresentam excelentes cenários, com muita atenção à fotografia e a todos os pormenores que caracterizam esta fictícia época. Infelizmente o orçamento de uma série televisiva impede algumas cenas de serem realizadas, como batalhas épicas ou grandes exércitos a marchar, mas qualquer espectador irá entender isso, principalmente numa série de "dificil" consumo como Game of Thrones.
Cabe agora apontar alguns defeitos. Como é característico da HBO, Game of Thrones apela a um público mais adulto, usando e infelizmente abusando de cenas de sexo explicito e nudez frontal que a maioria das vezes são desnecessárias. É ainda desnecessário que em grande parte dos diálogos, mesmo quando seja o Rei a dirigir-se à Corte se fale em prostitutas, em pénis, e em actos sexuais específicos quando a cena em si não o pede. Aí talvez Game of Thrones não seja correcto do ponto de vista em dar de forma algo gratuita essa vertente mundana justificada por vezes, mas nem sempre. O outro defeito (porque sinceramente só vejo estes dois) é novas personagens serem constantemente introduzidas, ou pior, mencionadas, e é aí que damos muitas vezes connosco a pensar "hein, mas quem é esse?" e temos que ir a internet ou alguns passos atrás no episódio(os) para descobrir de quem se trata. O problema é que muitas vezes a personagem nunca foi sequer referida, e sendo os nomes algo parecidos, não nos apercebemos que Eddard ou outra personagem qualquer está a falar de uma personagem que nunca apareceu no écran.
Enfim, são dois defeitos facilmente perdoáveis quando temos diálogos tão intensos e uma trama tão apaixonante. As personagens realmente importam para algo para nós e conseguem conquistar-nos por diversos motivos das suas diferentes personalidades, bem como o desejo de saber o que irá acontecer a seguir e o que existe afinal de contas a Norte da The Wall, neste mundo inexplorado.
Em suma, tudo é tempo útil em Game of Thrones e, sobretudo, tudo é tempo interessante e de qualidade. Fica agora a ânsia para a chegada da segunda temporada. A não perder.

Nota:

2 comentários:

Anónimo disse...

Li os livros e vi a série, no geral penso que uma análise depende muito da leitura dos livros. Quem entra na mente do autor e na forma como escreve percebe o porquê das personagens entrarem e saírem, e de finalmente alguém não ter medo de matar as personagens principais, dando assim uma dinâmica muito própria ao enredo. Peter Dinklage já era conhecido e ganhou com esta serie o emmy. Nota 5 pela maneira como foi criada e estruturada a serie, mas que apesar de tudo não dispensa a leitura da obra composta por 9 livros. A critica penso que poderia ser mais consistente, principalmente pelos defeitos apontados, não o serem de facto defeitos. Volto a referir uma leitura dos livros para se perceber, só assim se entra na serie

Anónimo disse...

Ah, e já agora não esquecer que se não fosse Tolkien, nenhum destes escritores modernos teria base para escrever obras destas. É uma ofensa intelectual e de recusa da realidade, incrível, falar-se mal de Tolkien